sábado, 13 de novembro de 2010

Informativo – CACCST realiza festa para comemorar Dia da Criança

Mariana Bueno
 
No último sábado, dia 6 de novembro de 2010, a Casa de Apoio à Criança com Câncer de Santa Tereza (CACCST) comemorou o Dia da Criança em uma festa realizada no Colégio Veiga de Almeida, na Barra da Tijuca. Foi um dia livre para que os voluntários pudessem se divertir junto com os pequenos que, além de muito espaço para brincar, assistiram a apresentações dos grupos Los Magníficos (RBD cover), NDY e Laliih (hip-hop), e dança cigana com um grupo de portadoras da síndrome de Down.

O Sonhando Juntos montou um “cantinho da pintura”, onde as crianças puderam fazer desenhos em aquarela e pinturas de rosto. Foi um enorme sucesso e muitos “tios” saíram de lá levando verdadeiras obras de arte como lembrança.

A festa estava marcada inicialmente para o dia 30 de outubro, mas o Colégio não pôde ceder o espaço devido ao segundo turno das eleições, que seria realizado no dia seguinte. No dia 6 de novembro foi a vez de o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) ocupar a escola, motivo que quase levou a um novo adiamento. A solução encontrada foi reduzir a duração da festa. Além disso, em virtude da chuva, o número de crianças presentes foi menor do que o esperado, pois muitas moram em áreas de risco e, quando chove, optam por não saírem de casa, por questões de segurança. Pequenos imprevistos, mas nada que pudesse tirar o brilho da festa e a alegria de todos os que estavam presentes. A supervisora da CACCST, Roberta Nóbrega, ficou feliz com o resultado. “O tempo estava ruim, o horário foi reduzido, mudamos a programação... Se não fosse o grupo do Sonhando Juntos, não teria dado tão certo. Acredito que tenha sido a festa em que houve mais interação entre a Casa e os voluntários. Todos foram fundamentais hoje. Foi muito legal do início ao fim”, disse.

A voluntária Larissa Mattos participou pela primeira vez de uma atividade do Sonhando Juntos e disse ter ficado um pouco receosa com a fragilidade das crianças. Impressão que logo passou. “Elas trazem em seus corpinhos tão frágeis sinais das suas fortes lutas. Mas depois vi que suas almas são como as de qualquer criança neste mundo, famintas de diversão, alegria, atenção, animação, carinho, gargalhadas, bagunça... e que essas mesmas almas as fazem ser tão fortes que elas esquecem tudo e, por alguns momentos, curtem o simples fato de estarem felizes. Aprendi muito”, afirmou.

Para a voluntária Bianca Bellas, que participa do projeto desde o início do ano, tudo foi bem organizado, desde a chegada das crianças e familiares, até o encerramento, com a entrega de presentes. “Achei tudo muito legal e adorei as apresentações, os shows. Todos se divertiram muito! Como hoje não tinha uma atividade específica a ser desenvolvida, foi possível passar mais tempo com elas e conversar bastante. E, para mim, só de poder estar com as crianças é sempre bom!”

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O Descanso do Guerreiro

André Avelino


Em 31 de outubro de 2010 o Grande Guerreiro Salomão foi dispensado da batalha da vida e agora se encontra no seu merecido descanso.

Ao usar esta linguagem metafórica, quis resumir o que foi a vida dele e o legado que ele nos deixou.

Conheci pessoalmente o Salomão em dezembro de 2007 na Festa de Natal do Sonhando Juntos. Até então só o conhecia de ouvir falar, principalmente pela Thereza, que era nossa Coordenadora de Formação e, na época, cursava uma pós-graduação em Psicologia no INCA. Foi através desse curso que ela conheceu o Salomão e sua história.

O convite para a Festa de Natal foi feito pela Thereza, com as seguintes recomendações: que chegasse às 8h30 no Terreirão do Samba e que, ao ver uma pessoa com uma camisa com o símbolo do Sonhar Acordado, ficasse com ela, pois ela o orientaria.

Quando a Thereza me falou disso, eu duvidei que ele pudesse ir ao evento, já que ele morava em Nova Iguaçu, tinha uma saúde frágil e não conhecia bem o Rio – ele tinha chegado de Angola ainda naquele ano. Mas para a minha surpresa, eis que o vi encostado numa barra de ferro, esperando que alguém do Sonhando Juntos aparecesse. Ele foi o primeiro a chegar (antes das 8h30) e, com isso, tirei duas lições. Primeiro: que garra este cara tem! E outra: que confiança nas pessoas!!!

Após a Festa de Natal, o Salomão entrou no projeto e nos corações das pessoas. Com o tempo, suas amizades se multiplicavam e se fortaleciam, fazendo-me aprender grandes lições, mas, principalmente, a sua maior vocação, que era: VIVER!!!!

Eram raras as vezes em que eu o via desanimado. Nada o abalava na sua vontade de viver e ele lutava com todas as forças para isso, mesmo que cada vez mais as cirurgias o tornassem mais desfigurado. Ele teve o olho removido, não mais falava e já não comia alimentos sólidos (só se alimentava de alimentos líquidos e pastosos através de uma sonda).

Neste período de idas e vindas ao INCA, devido às inúmeras internações, ele se formou num cursinho de informática, publicou um livro (cujo título é “De Angola: Salomão e Vida”), estava escrevendo um segundo livro, respondia e-mails, torpedos e MSN, namorou, fez inúmeros passeios, foi a shows (inclusive me arranjou um ingresso de cortesia para participar de uma festa de dança e música angolana na Lapa, que por sinal foi um excelente evento!), andava de bicicleta, tinha planos para fazer faculdade de medicina ou informática, por isso estava matriculado num supletivo para fechar o ensino médio, estava matriculado também num curso técnico de auxiliar de enfermagem, além de outros projetos que só a sua mente e coração sabiam.

Ele lutou por sua independência, conquistou uma casinha na qual tinha os seus afazeres domésticos, como qualquer pessoa e, com isso, podia ir tocando a sua vida e seus projetos. Era tão aguerrido que chegou a expulsar possíveis assaltantes de sua casa.

Salomão via na educação um meio para crescer na vida e tinha como meta, uma vez formado, voltar à sua amada Angola para ajudar no desenvolvimento do país.

Enfim, Salomão é para mim uma escola de Amor (com “A” maiúsculo mesmo) à vida, seja ela como for. É paradoxal dizer isso, mas, para mim, ele conseguiu um feito magnífico de transformar o câncer, de uma terrível doença, em uma bênção. Contribuiu muito para isso, também, além de sua fibra, o apoio que recebeu de sua nova família aqui no Brasil, formada pelo Padre Renato, Néia, Abel, Luiza, Lúcia, etc, etc, etc.

Ele me ensinou a olhar a vida com uma outra perspectiva. Onde muitos só enxergavam tristeza, medo, pavor e a morte, ele via alegria, coragem e vida. Não ensinou isso com retóricas, mas sim com exemplos. E são nos exemplos, até muito mais do que com as palavras, que aprendemos mais.

Salomão um abraço e agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de tê-lo conhecido.

Um abração a todos!

PS: Aqueles que quiserem conhecer um pouco mais deste Grande Africano (termo como ele mesmo se referia) não deixem de ver as fotos no Picasa do Sonhando Juntos.