Erika Prochet
Era uma manhã de estreia. Estreia das atividades no Hemorio ao sábados.
Como sempre, senti aquele friozinho na barriga na hora em que estávamos subindo para a pediatria. Quantas crianças teremos hoje? Será que elas estão animadas para brincar?
Ao chegar à pediatria, seguimos todas as etapas do nosso ritual: cumprimentar as enfermeiras, buscar informações sobre as crianças e lavar as mãos. O próximo passo foi buscar as nossas principais armas: brinquedos, massinha de modelar, bolinha de sabão e o mais querido entre voluntários e crianças, UNO.
Agora só faltava acordar a criançada. Para mim, a parte mais difícil do dia.
Ao abrir a porta da enfermaria encontramos um clima calmo, sem muito barulho e, estranhamente, até a TV estava desligada. Mas isso não foi o suficiente para atrapalhar a nossa programação.
Fomos leito por leito chamando as crianças para brincar. Não foi preciso muito esforço para o primeiro se levantar e nos convidas para brincar. Stephani simplesmente disse:
- Bom dia, nós vamos brincar de que hoje?
- Você é quem decide. Vamos lá para a brinquedoteca?- respondeu a voluntária.
Em um passe de mágica, Stephani estava de pé, calçando seus chinelos e com a mão no soro falando “Vamos?”
E assim foi com todas as crianças, até aquelas mais abatidas com o tratamento. Eu deveria ter percebido que isso era um sinal de que aquela manhã seria mágica.
Após algumas partidas de UNO com Stephani e Demmer, resolvi parar e olhar para todas as crianças que estavam na brinquedoteca. Estavam todos sorrindo e brincando. A alegria estava por todo lado. Mas não é assim que deveria ser sempre?