terça-feira, 1 de setembro de 2015

Capítulo da Vida: O que os olhos não vêem o coração SENTE.

                                                                                                       Por Nathalia Mota


P. Gabriel: - Tia, deixa eu escutar o seu coração.

Eu: - E aí, Gabriel. Como está meu coração?

P. Gabriel: - Faz silêncio, tia. Preciso escutar direitinho.

(Dois minutos depois).

P. Gabriel: - Está tudo bem. Vai ficar tudo bem. Pode brincar!

Assim, o Gabriel me conquistou pela segunda vez. Na primeira, ao sentir e exclamar a presença dos “tios dos brinquedos”, ele deu um impulso aleatório e me agraciou com um abraço forte nas minhas pernas.

A imaginação do Gabriel é iluminadamente fértil. Fomos bombeiros e policiais. Andamos de avião e de trem. Dançamos. Ele tocou guitarra e eu fui Maria Palheta. Fingimos que jogamos cartas. Surfamos na praia. Ele foi o Dr. Gabriel. Pulamos ondas. Vendemos pamonha. Tivemos super poderes sem sair da enfermaria do Hospital Jesus. Dormimos. Acordamos. Escovamos os dentes. SONHAMOS.

Nossas brincadeiras tiveram sonoplastia e detalhes. Muitos detalhes.

Como detalhes nunca são meros, esse menino de 4 anos, desprovido do sentido da visão, me fez enxergar o quão eu já fui cega por não contemplar a beleza da vida. Meus olhos ficaram menos tapados depois que eu passei a ser uma sonhadora.

Gabriel, você me fez enxergar que as coisas mais bonitas são sentidas com a luz do coração. Obrigada por me fazer sonhar tão alto.

Um beijo da tia "aviãozinho pequeno".

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