quarta-feira, 12 de agosto de 2015

8 meses de espera e uma certeza

                                                                                                               Por Heloá Nunes

Sempre tive  vontade de participar de algo  em que pudesse  estar perto   de crianças que não poderiam levar uma vida tão normal quanto as outras devido a sua condição de saúde. Acreditava que   de alguma forma  poderia   fazer a diferença positiva   na vida   daquelas crianças, levando um pouco de carinho em um momento tão delicado.

No final de  2014, na  página da  faculdade, vi  um pedido de  doação de sangue para uma princesinha que estava internada no HUPE, a Thayná, que nos seus poucos aninhos de vida já enfrentava uma batalha de gente grande.

Entrei em contato com a Thamires, a menina que havia divulgado o pedido de doação na página da faculdade, e marquei de ir ao centro de hemoterapia do HUPE tentar ajudar. Infelizmente naquele momento meu sangue não era suficiente para que eu pudesse fazer a doação, mas minha vontade de poder fazer algo por aquela pequena transbordava. Com a ajuda da Thamires tive autorização para conhecer a Thayná. 

Foi a primeira vez que entrei na ala infantil de um hospital, e a primeira vez que tive a mínima noção do que acontece ali dentro. O sofrimento dos pais por verem seus filhos nessa situação e sua impotência em não poder fazer muito. O sofrimento das crianças que mal puderem sentir o prazer de ser criança, mas já enfrentavam o desprazer de lidar com doenças tão agressivas. O cuidar de uma equipe de saúde incansável para tratá-los da melhor maneira possível.

Conversando depois com a Thamires sobre minha vontade de poder fazer algo a mais, ela comentou sobre uma ONG que aos finais de semana ia ao hospital levar alegria para as crianças. No mesmo dia procurei o Sonhando Juntos no Facebook, e fiquei completamente apaixonada pelo trabalho da equipe. Na mesma hora enviei minha inscrição!

Os meses passaram, (quase oito na verdade), eu até achei que não seria mais chamada. Porém, para minha grata surpresa, em 10 de Junho abri meu e-mail e estava escrito: “Chegou a sua vez! Vem sonhar com a gente! J J J”. Meu coração disparou, quase não acreditei. Depois de quase oito meses havia chegado a minha vez. Era muita alegria!! Mesmo sendo um período muito tumultuado com o fim da faculdade, não poderia deixar minha vaga escapar e voltar para o final da fila, tinha que começar já!

E foi assim, que após meses de espera, com muita vontade de ajudar, mas medo de não conseguir lidar com o sofrimento dos pequenos, que no dia 19/07/2015 fui ao Hemorio, somente com a alma e coração, pedindo a Deus que eu pudesse somar a esta equipe a levar um pouco de amor aos pequenos. Passado o frio na barriga e a ansiedade inicial, ao avistar os primeiros olhinhos e sorrisos sedentos por brincadeiras e companhia, não se importando com acessos, soros, remédios e procedimentos, apenas em brincar, construir, desenhar e gargalhar, tive uma das melhores experiências de mina vida, onde  seres tão pequenos no tamanho me mostraram sua força gigante em esquecer a dor e ser apenas criança.

Foi um afago em meu coração ver aquela alegria, não só deles, mas de seus responsáveis por vê-los esquecer da rotina hospitalar nem que fosse por um breve, mas muiiito proveitoso momento. A cabeça começou a fervilhar pensando no monte de coisas que poderemos fazer nas próximas visitas, nos desenhos que poderemos levar, na massinha que é super importante, na bolha de sabão que não pode faltar, nos bonecos de super herói que estão em falta, e nos muitos sorrisos e alegria que irão embalar todas essas brincadeiras.

A princesa Thayná, primeira pequena sonhadora que conheci, antes mesmo de me juntar ao Sonhando, infelizmente deixou de brilhar na terra para brilhar no céu no início de 2015. Mas tenho certeza que mesmo em meio a tanta dor, os momentos que ela passou com a equipe do Sonhando foram muito importantes para ajudar a ela e sua família a suportar todo esse processo.

Espero que eu possa contribuir com esta equipe para ajudar muitos outros pequenos sonhadores e suas famílias a passar por este momento com mais amor, alegria e gratidão por ter mais um dia, apesar dos pesares. E que a maioria desses pequenos possa brilhar o quanto antes em suas casas, nos parquinhos, nas pracinhas, nas escolas, e quem sabe no futuro brilhem também como grandes Sonhadores, mas mesmo se tiverem que brilhar no céu, nós, voluntários, possamos ter a certeza que com um pouquinho do nosso tempo, contribuímos para que eles brilhassem com muito mais amor.

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