quinta-feira, 21 de junho de 2012

O valor de um sorriso



Rafaela Oliveira

Mais uma manhã de domingo no Hemorio, uma manhã como sempre maravilhosa. Cada ida ao Hemorio gera uma expectativa diferente e aquele friozinho na barriga. Esse não foi diferente. Subimos para encontrar as crianças, muitas estavam dormindo, algumas tomando seu café da manhã e apenas três estavam lá prontas para brincar. Fizemos um grande grupo, resolvemos brincar de dominó, um jogo escolhido pela maioria. Enquanto jogávamos, algumas crianças que antes estavam dormindo foram chegando sonolentas para tomar o café e depois brincar.

Enquanto eu jogava percebi um menino sentado e vendo TV, que não queria brincar com a gente. Então fui lá tentar animar o dia dele. Cheguei, dei um 'oi' e perguntei se ele queria brincar. Sem me olhar ele fez com a cabeça que sim e foi comigo até a mesa. Sentou-se do meu lado e ficou observando seu amiguinho brincando com bolinha de sabão. Perguntei se ele queria brincar de bolinha de sabão e novamente ele balançou a cabeça dizendo que sim. E ficou bastante tempo na bolinha de sabão.

Eu perguntava ao Gabriel se ele queria brincar de algum outro jogo e ele balançava a cabeça negando. Tentei outra vez, agora perguntando se queria desenhar ou brincar de massinha, ele mais uma vez disse que não. Ficou um tempo na bolinha de sabão e de repente quis brincar de massinha. Eu perguntava o que ele estava fazendo, ele não respondia. Perguntei se podia ajudar, ele dizia que não. Dava ideias de coisas para fazer com massinha e ele não aceitava, estava muito concentrado nos seus bonecos. Perguntei o nome deles, ele disse que eles não teriam nome e então perguntei o porquê e ele respondeu: porque não.

Fiquei então observando ele fazendo os bonecos. Sério, não falava muito. Quando acabou, perguntei o que ele queria fazer, dei opções de brincadeiras e ele não queria fazer nada. Então pegou os bonecos feitos de massinha e começou a amassar, fazendo dos bonecos várias bolas. Dessa vez perguntei se podia ajudar e ele disse que sim. As bolas ficaram em cima da mesa, então o Gabriel me olhou e perguntou: Tia, será que a gente consegue juntar essas bolas e fazer uma bola beeem grande? Eu disse que ia tentar e comecei a juntar as bolas. Ele ficou olhando e, quando acabei, um lindo sorriso surgiu no rosto do Gabriel: Viu tia, conseguimos!

Eu ganhei a minha manhã com aquele sorriso. Sai de lá com a sensação de missão cumprida, pois consegui ver o Gabriel feliz e radiante.

Cada ida ao Hemorio é uma experiência diferente e especial. Esse dia vai ficar marcado pra sempre.

”O sorriso de uma criança não é algo que se constrói. Não pode ser vendido. Não tem receita. Não tem marca. Não tem bula. Não tem selo. Não tem etiqueta. Portanto, não é falso. Ele é genuinamente verdadeiro.”

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