quinta-feira, 23 de maio de 2013

A gente também não quer dar tchau

Bianca Mól

Engraçado como a vida e sua eterna pressa nos fazem esquecer as coisas mais simples que, numa contradição absurda, são as que realmente importam. 

A verdade é que gente grande complica demais o que é fácil, puro e – por que não dizer? – óbvio. Criança quer rir, quer brincar, quer ser feliz. Já o adulto, coitado!, inventa milhões de pretensões, buscas implacáveis e intermináveis pelo sucesso profissional, pessoal, emocional, financeiro e, não, a lista não termina por aqui. É pressão que envolve expectativa demais, ambição demais, pressa demais. Eu pergunto: e a tal da felicidade, afinal, fica onde? Taí, já complicou.

Mas vou te contar um segredo: descomplicar é fácil. Requer apenas que você reserve alguns sábados ou domingos de manhã, e que tenha bastante eu disse bastante! disposição e vontade para brincar com crianças que não são menos crianças por estarem em um ambiente de hospital.

A brinquedoteca do Hemorio é o lugar em que você descobre o potencial de um nariz de palhaço, algumas bolhas de sabão, um “Pula-Macaco”, um baralho de UNO e uma caixa de lápis de cor. É o lugar em que você resgata toda a pureza e simplicidade da vida, ao receber, em troca de uma brincadeira qual quer, simples, o sorriso de uma criança, pleno. Nessas horas é que você realiza como vale o sorriso de uma criança. 

Só lhe confesso uma coisa, que percebi já em minha primeira visita ao Hemorio: tem uma hora que dói e lá vamos nós, adultos, complicar novamente! É a hora de ir embora. Juntar os brinquedos, guardar tudo no colorido armário ornamentado com papel de presente, tirar o nariz de palhaço e colocar o jaleco do Sonhando Juntos na mochila. Essa é a parte mais chata da brincadeira. As crianças ficam tristes (e nós também), algumas choram, outras fazem birra para não comer o almoço. Elas não querem parar de brincar. Nem a gente.

A gente também não quer dar tchau.

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