Bianca
Mól
Engraçado
como a vida e sua eterna pressa nos fazem esquecer as coisas mais
simples que, numa contradição absurda, são as que realmente
importam.
A
verdade é que gente grande complica demais o que é fácil, puro e –
por que não dizer? – óbvio. Criança quer rir, quer brincar, quer
ser feliz. Já o adulto, coitado!, inventa milhões de pretensões,
buscas implacáveis e intermináveis pelo sucesso profissional,
pessoal, emocional, financeiro e, não, a lista não termina por
aqui. É pressão que envolve expectativa demais, ambição demais,
pressa demais. Eu pergunto: e a tal da felicidade, afinal, fica onde?
Taí, já complicou.
Mas vou te contar um segredo: descomplicar é fácil. Requer apenas que
você reserve alguns sábados ou domingos de manhã, e que tenha
bastante – eu
disse bastante! – disposição
e vontade para brincar com crianças que não são menos crianças
por estarem em um ambiente de hospital.
A
brinquedoteca do Hemorio é o lugar em que você descobre o potencial
de um nariz de palhaço, algumas bolhas de sabão, um “Pula-Macaco”,
um baralho de UNO e uma caixa de lápis de cor. É o lugar em que
você resgata toda a pureza e simplicidade da vida, ao receber, em
troca de uma brincadeira qual quer, simples, o sorriso de uma
criança, pleno. Nessas horas é que você realiza como vale o
sorriso de uma criança.
Só
lhe confesso uma coisa, que percebi já em minha primeira visita ao
Hemorio: tem uma hora que dói – e
lá vamos nós, adultos, complicar novamente! É a hora de ir embora.
Juntar os brinquedos, guardar tudo no colorido armário ornamentado
com papel de presente, tirar o nariz de palhaço e colocar o jaleco
do Sonhando Juntos na mochila. Essa é a parte mais chata da
brincadeira. As crianças ficam tristes (e nós também), algumas
choram, outras fazem birra para não comer o almoço. Elas não
querem parar de brincar. Nem a gente.
A
gente também não quer dar tchau.
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