quinta-feira, 9 de maio de 2013

Minha primeira atividade no Hemorio


Marcia Kabarite


Quando pensei em participar de um trabalho voluntario no Hemorio, passou pela minha cabeça que talvez eu ficasse muito "mal" em ficar tão próxima de crianças que estavam sofrendo e sentido dor. Fiquei na expectativa de como eu me sentiria e, quando comecei a interagir com elas, tentando me aproximar, percebi que tinham muito mais a me oferecer do que eu a elas.
 
Passei todo o tempo brincando com o Vitor, três anos, nove internações e ainda em tratamento. Vitinho aceitou todas as propostas feitas por mim, embora tenha sido monossilábico enquanto estivemos juntos.
 
Logo no início fiz um carinho nas costas dele e aquela carinha linda olhou pra mim com cara de poucos amigos, fazendo um sinal de “não” com o dedinho, indicando que eu não deveria tocá-lo. Mas passado um tempo que estávamos juntos, já estava batendo a sua mãozinha na minha, comemorando a brincadeira que inventamos com o UNO e batendo palminhas.

Coloriu um desenho; jogou UNO, do jeito dele, mas jogou; brincou com o tabuleiro de pano de futebol; se uniu a duas amiguinhas e brincou de pula-macaco; e, por fim, fez massinha.

Nesse momento a brincadeira foi interrompida, pois Vitinho precisava fazer um teste de alergia do medicamento que tinha que usar. Sua mãe, carinhosamente, o chamou e ele se aninhou no seu colo. Chegaram duas enfermeiras: uma segurou o seu bracinho e a outra aplicou o medicamento com seringa. Vitinho chorou e gritou!

Fiquei surpresa com a rapidez com que ele parou de chorar e voltou a brincar. Foi neste momento que passou pela minha cabeça: como pode uma criança tão pequena ter tanta força e superar tão rápido?
 
Acho que a resposta está na alegria genuína que somente existe no coração das crianças e na imensa e exemplar capacidade de renovação que elas possuem. Vitinho voltou a fazer massinha e quando avisaram que nosso tempo havia acabado, se despediu de mim com um beijo e um abraço!

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